Raríssimo e ameaçado de extinção, cachorro-vinagre é visto em reserva no Vale do Ribeira

 em SALA DE IMPRENSA

Dentre as espécies de canídeos que são encontrados no Brasil, essa é considerada a mais rara. Na Mata Atlântica, o animal está entre os mais difíceis de ser visto na natureza

Cachorro-vinagre | Foto: Luciano Candisani

Um sopro de esperança! É possível definir dessa forma um vídeo que registrou o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, localizada no Vale do Ribeira, interior de São Paulo. A espécie está classificada como “Criticamente em Perigo de Extinção” na Mata Atlântica pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O registro é fruto da parceria entre o Legado das Águas e o Onçafari, instituição dedicada ao estudo e conservação da vida selvagem, para monitoramento de fauna terrestre na Reserva. 

No Legado, a espécie não era registrada desde janeiro de 2017. Os quatro novos registros aconteceram em maio e junho, sendo divulgados após a análise das imagens das “armadilhas fotográficas”, como são chamados os equipamentos que funcionam por sensores infravermelhos e de movimento, que são acionados automaticamente quando os animais passam por eles, gerando vídeos curtos ou fotos. 

Na Mata Atlântica, de acordo com dados do ICMBio, só há registros do cachorro-vinagre nos estados de São Paulo e Paraná, sendo que a população é estimada em pouco mais do que 342 indivíduos no bioma. “É um animal raríssimo. Toda vez que ele é visto é uma festa, porque é um sopro de esperança para a espécie tão ameaçada”, comemora Stephanie Simioni, bióloga coordenadora da base do Onçafari no Legado das Águas. 

Das outras cinco espécies de canídeos selvagens (animais pertencentes à família Canidae, ou seja, cães selvagens) que são encontrados no Brasil – lobo-guará, cachorro-do-mato, raposa-do-campo, graxaim-do-campo e cachorro-do-mato-de-orelhas curtas –, o cachorro-vinagre é o mais raro. “O Onçafari tem mais de 20 armadilhas fotográficas instaladas em diversos pontos do Legado das Águas, e que variaram de localidade ao longo dos últimos três anos desde o início da parceria com o Legado das Águas, mas somente agora o cachorro-vinagre foi visto novamente. Esse registro também reafirma a importância das florestas do Legado para espécies ameaçadas, já que essa espécie está associada a ambientes conservados”, complementa a bióloga. 

Os três outros registros do cachorro-vinagre no Legado foram feitos por meio das armadilhas fotográficas dos institutos Manacá e Pró-carnívoros, que realizaram os primeiros levantamentos de fauna na Reserva, e por meio do Floresta Viva, do fotógrafo Luciano Candisani, que utilizou uma técnica inovadora de “estúdio na mata”, gerando imagens em alta resolução dos animais por sensor de movimento.

 

Curiosidades sobre o cachorro-vinagre

Pequenino e sociável são as duas características que mais chamam a atenção do cachorro-vinagre. Primo do lobo-guará, o cachorro-vinagre é o menor entre os canídeos brasileiros, mede entre 57 e 75 cm de comprimento, possui entre 12 e 15cm de cauda e pode pesar de 5 a 8kg. Entre as espécies da mesma família, ele é o mais sociável, vivendo em bandos de dois a 12 indivíduos. “O cachorro-vinagre é, em geral, carnívoro. Suas presas são, na maioria das vezes, tatus, pacas, cutias, ratos, coelhos, gambás, quatis, lagartos teiú, cobras e aves terrestres. Mas, quando caçam em grupo, o que é uma estratégia vantajosa já que são pequenos, conseguem presas maiores, como veados, catetos, capivaras e até emas”, acrescenta a bióloga. 

Suas características físicas também se destacam, tem as orelhas redondas, corpo comprido e pernas curtas. Possuem membranas interdigitais entre os dedos (tecido que une os dedos, popular “pé de pato”). O seu nome popular é uma referência à sua coloração: castanho-avermelhada, como a do vinagre. 

Antes, o cachorro-vinagre era encontrado em todo Brasil. Hoje, possui populações fragmentadas e quase que exclusivamente em áreas protegidas, distribuídas na Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, sendo as principais ameaças o desmatamento, diminuição da oferta de presas, como a paca, e a contração de doenças de animais domésticos. 

 

Diversidade de espécies 

As pesquisas e o monitoramento de fauna e flora realizados pelo Legado já registraram 1.832 espécies na área. Desse total, 876 são espécies animais, das quais 38 estão ameaçadas de extinção. A diversidade de aves chama a atenção, com mais de 350 espécies já registradas no território do Legado – o que representa 43% de toda a avifauna do Estado de São Paulo. Além disso, há 70 espécies de mamíferos, 67 de anfíbios e répteis e 54 de peixes. Soma-se à lista um número de 322 espécies de borboletas. Já na flora, foram identificadas 956 espécies, sendo que 22 delas enfrentam algum tipo de ameaça.

“É um privilégio muito grande ter esses animais no Legado das Águas, pois reforça a efetividade do nosso modelo de negócio, que é gerar receita com a floresta em pé. Além disso, esses registros podem contribuir com informações valiosas para a conservação de espécies ameaçadas da Mata Atlântica”, comemora Daniela Gerdenits, gerente do Legado das Águas. 

 

O Onçafari

O Onçafari é parceiro da Reservas Votorantim – gestora do Legado Verdes do Cerrado e do Legado das Águas, no Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo – no monitoramento de grandes felinos. A parceria teve início em 2020, no Legado das Águas. O Onçafari atua no Pantanal, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica com o objetivo de promover a conservação do meio ambiente e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserido por meio do ecoturismo e de estudos científicos. O trabalho do Onçafari é focado na preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas, onças-pardas e lobos-guarás.

 

Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim

O Legado das Águas é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil. Área de 31 mil hectares divididos entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, no Vale do Ribeira, interior do estado de São Paulo, que alia a proteção da floresta e o desenvolvimento de pesquisas científicas a atividades da nova economia, como a produção de plantas nativas e o ecoturismo. Foi fundado em 2012 pelas empresas CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia. É administrado pela Reservas Votorantim LTDA. e mantido pela Votorantim S.A, que também em 2012, firmou um protocolo com o Governo do Estado de São Paulo para viabilizar a criação da Reserva e garantir a sua proteção. Mais do que um escudo natural para o recurso hídrico, o Legado das Águas trata-se de um território raro e em estágio avançado de conservação, com a missão de estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável. Saiba mais em https://www.legadodasaguas.com.br

 

Informações à Imprensa Legado das Águas

Agência Terra Comunicação

Laila Rebecca | lailarebecca@agenciaterracomunicacao.com  | 55 (12) 9 9686-3436

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