Florestas e água: um elo vital para um futuro sustentável

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À medida que o mundo enfrenta cada vez mais desafios relacionados à escassez de água e às mudanças climáticas, é essencial considerar soluções sustentáveis para a frear tal realidade. Tendo em vista esta urgência, as florestas, por vezes subestimadas, possuem um papel fundamental na gestão dos recursos hídricos, uma vez que desempenham um papel crucial na regulação do ciclo da água, atuando como esponjas naturais que absorvem, armazenam e liberam água lentamente para os rios, córregos e aquíferos. Essa capacidade de regulação hídrica é especialmente importante durante períodos de seca ou chuvas intensas, ajudando a mitigar os impactos de eventos climáticos extremos.

As florestas também protegem as nascentes e mananciais, evitando a erosão do solo (por meio de suas raízes que ajudam na estabilidade) e a contaminação da água por sedimentos e poluentes, uma vez que criam uma camada protetora que filtra a água, tornando-a mais limpa e segura para o consumo humano e a vida selvagem.

 

Floresta e a água

Conforme a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), atualmente, 2,4 bilhões de pessoas vivem em países com estresse hídrico, ou seja, a procura de água por habitante é maior que a capacidade de oferta de um corpo hídrico. Além disso, o órgão ainda revela que até 2025 estima-se que 1,8 bilhão de pessoas estão sujeitas a enfrentar a escassez absoluta de água e dois terços da população global podem estar vivendo num estresse hídrico.

E não para por aí.

Especificamente na Mata Atlântica, onde vivem mais de 70% da população brasileira, dados da pesquisa “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica, apontam que no bioma somente 6,9% dos rios possuem água de boa qualidade e quase 20% dos pontos analisados não têm condições mínimas para os usos múltiplos, o que reflete a condição frágil dos recursos hídricos do país num momento de emergência climática.

E o que fazer? Simples, conservar as florestas, sejam elas internas, próximas ou distantes das cidades.

Legado das Águas | Fotos: Andrei Pires

A preocupação urbana em relação à água não se limita a escassez hídrica. De acordo com uma pesquisa do Aqueduct Floods, de 1980 a 2020, as enchentes podem ter causado mais de 1 trilhão de dólares em perdas em todo o planeta. É com base neste contexto que as florestas entram em cena como importantes soluções para a gestão das águas, sobretudo as pluviais.

 

Responsabilidade Florestal

Tendo em vista tal realidade e focada na proteção dos recursos hídricos e na mitigação do estresse hídrico nas cidades, a aliança global Cities4Forests, que reúne mais de 80 cidades mundo  a fora, emerge com o intuito de promover a conservação, restauração e gerenciamento sustentável da natureza, especialmente das florestas, em prol do bem-estar humano e ambiental.

Já no âmbito privado, o trabalho realizado pelo Legado das Águas, maior Reserva privada de Mata Atlântica do Brasil, é uma referência de fomento da sustentabilidade aliada ao desenvolvimento local e promoção de negócios a partir da floresta em pé, os quais conservam sua biodiversidade e recursos, sobretudo o hídrico.

Com 31 mil hectares de floresta nativa, o Legado é um escudo natural para o recurso hídrico, uma vez que é refúgio para boa parte da extensão do Rio Juquiá, um dos principais afluentes da bacia hidrográfica Ribeira de Iguape e Litoral Sul, considerado um dos rios mais limpos de São Paulo e fundamental na economia e cultura da região do Vale do Ribeira.

Além disso, a cobertura vegetal em alto grau de conservação da Reserva abriga mais de 500 nascentes, garantindo a qualidade hídrica para a biodiversidade e quem está em sua volta.

As frentes de atuação do Legado das Águas em pesquisa científica e ecoturismo também são catalizadores para uma conscientização sobre a importância da manutenção da floresta em pé para a disponibilidade hídrica.

Enquanto os estudos colaboram com o compartilhamento de dados base para ações conservacionistas e de educação ambiental, o ecoturismo fomenta o aprendizado e disseminação prática do papel florestal para o equilíbrio hídrico, além de reconectar as pessoas ao bioma e, logo, promover a proteção da natureza.

Investir na conservação das florestas não apenas ajuda a proteger os ecossistemas hídricos, mas também contribui para a construção de sociedades mais resilientes e sustentáveis. Ao reconhecermos o valor das florestas para a água, estamos abraçando uma solução baseada na natureza que nos ajudará a enfrentar os desafios ambientais contemporâneos e mitigar os que estão por vir.

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Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.

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