Paisagismo sustentável: harmonização entre beleza e conservação

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Em um mundo onde a consciência ambiental vem ganhando notoriedade nos debates cotidianos, o paisagismo sustentável surge como uma abordagem que não apenas transforma visualmente espaços, mas também promove a conservação ecológica. Ao escolher trabalhar com espécies nativas, o segmento abraça a biodiversidade local e torna-se um catalisador para práticas mais responsáveis e respeitosas com o meio ambiente.

No período da pandemia, por exemplo, o interesse por assuntos sustentáveis, como jardinagem e paisagismo, aumentaram. Conforme dados do SEBRAE, tal mercado teve um crescimento de mais de 30% de 2015 a 2020 e de quase 8% somente em 2021. Neste mesmo período, um levantamento do Twitter revelou que conversas sobre a temática aumentaram 7 vezes, além de dicas e tutoriais relacionados a decoração e jardinagem terem alta de 112%.

Convertendo para valores, o Mordor Intelligence indica que a expectativa é de um crescimento de 240,69 bilhões de dólares no mercado de serviços de paisagismo e jardinagem em 2023 para 336 bilhões até 2028. Além disso, segundo o relatório da IBISWorld 2020, o setor de serviços paisagísticos, representado por 513.305 empresas, possui 105,3 milhões de dólares em receita anual e emprega mais de 1 milhão de pessoas, sendo um segmento de destaque no âmbito  sustentável.

Para além da estética, o paisagismo sustentável busca unir a arquitetura e a natureza, ou seja, promove e prioriza elementos amigáveis ao meio ambiente, além de utilizar plantas nativas nos projetos, beneficiando a conservação e restauração da biodiversidade local e seus recursos.

Contraditoriamente, de acordo com estudos da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção, do Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ), no Brasil, o país mais biodiverso do planeta, mais de 90% da flora usada em projetos paisagísticos são de origem estrangeira, prática, por vezes, danosa ao meio ambiente local, uma vez que as espécies endêmicas de outros países podem atrapalhar o crescimento da vegetação nativa.

 

Paisagismo na Mata Atlântica

A Mata Atlântica é a casa de cerca de 35% das espécies de plantas existentes no Brasil e no bioma, o paisagismo sustentável emerge como uma resposta ao compromisso com a conservação ambiental.

O Centro de Biodiversidade da Mata Atlântica (CBMA) do Legado das Águas, por exemplo, tem como uma frente de trabalho o cultivo de plantas nativas com foco no paisagismo, a fim de levar de volta aos centros urbanos a flora atlântica.

Com capacidade produtiva de 200 mil plantas por ano, de até 140 espécies diferentes, o CBMA produz plantas epífitas (que vivem sobre outras sem causar danos), gramíneas, arbustivas e arbóreas, sendo que algumas espécies são ameaçadas de extinção.

Todas as plantas possuem rastreabilidade digital, garantindo a segurança de toda cadeia produtiva, desde a matriz na floresta, até a entrega do produto. Desta forma, os projetos paisagísticos que as utilizam também propagam sua preocupação com a conservação do bioma.

O paisagismo sustentável, seja na Mata Atlântica ou não, é mais que um compromisso pela proteção da natureza e sua biodiversidade. É a junção entre a beleza do paisagismo e a ciência da conservação, onde espaços paisagísticos não só encantam como também nutrem a riqueza da biodiversidade brasileira.

 

Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.

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