Orquídeas: você sabe como cuidar delas?

 em ARTIGOS

Responsável por encantar muitas pessoas através de suas diferentes formas, tamanhos e coloração das flores, as orquídeas são uma das maiores famílias de angiospermas do mundo, grupo de plantas dominante no planeta que possuem como principal característica a presença de flores, frutos e sementes. De acordo com o livro Orquídeas, da Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, o Brasil é o terceiro país que mais possui tipos de orquídeas, podendo ser encontrados 191 gêneros e cerca de 2.350 espécies distintas, com estimativa de que esse número chegue a 3.000.

Ainda de acordo com dados apresentados no livro, a Mata Atlântica é o bioma com a maior diversidade de Orchidaceae, família com o maior número de gêneros e espécies endêmicas, isto é, que ocorrem somente nesse tipo de floresta. Além disso, outra curiosidade apresentada, é que a maioria dos tipos de orquídeas deste bioma são epífitas*, ou seja, plantas que vivem suspensas, normalmente nos troncos e galhos das árvores.

 

Extinção

Estima-se que o desaparecimento de espécies da flora mundial tenha atingido um nível mil vezes maior que os índices históricos, conforme o Livro Vermelho da Flora do Brasil. A publicação ainda indica que o ritmo de extinção pode ser bem maior que o ritmo da ciência no processo de identificação e descrição de novas espécies. 

No Brasil, essa situação não é diferente. O país, que possui a flora mais rica do planeta, já tem catalogada mais de 46 mil espécies de vegetais, no entanto, mais de 2.300 tipos estão em perigo, como aponta o IBGEeduca

De acordo com o Livro Vermelho da Flora do Brasil, a Mata Atlântica é o bioma com a maior quantidade de plantas com ameaça de extinção. Algumas espécies de orquídeas estão entre elas, como as do gênero Specklinia.

Specklinia grobyi | Foto: Miguel Flores

 

Orquídeas do Legado das Águas

De 2015 a 2019, o Legado das Águas desenvolveu em sua área a pesquisa “Orquídeas do Legado”, projeto que tinha como objetivo principal catalogar as orquídeas presentes na Reserva e, de forma complementar, promover o resgate e realocação das espécies mais ameaçadas. Sendo assim, as plantas que estavam em árvores que caíram naturalmente e que tinham poucas chances de sobreviver, eram coletadas, direcionadas ao orquidário, onde recebiam os cuidados necessários, e depois eram inseridas novamente em árvores ao longo das trilhas do local.

Nesse período, foram identificadas 236 tipos da planta. Gabriel Gade, analista de pesquisa do Legado, revela que isso significa que a Reserva abriga 31,4% de toda a diversidade de orquídeas do Estado de São Paulo, atualmente, estimada em 750 espécies. 

O estudo desenvolvido também possibilitou dois importantes registros: a descoberta da presença da Octomeria estrellensis, uma orquídea considerada extinta no Estado de São Paulo há mais de 50 anos, e a identificação de uma nova espécie, a Lepanthopsis legadensis. 

Para Gabriel, essas conquistas científicas trazem duas percepções. “A mais clara e lógica evidencia que o Legado das Águas é uma área extremamente conservada e isso se comprova na prática com a descoberta de novas espécies e redescoberta de espécies consideradas já extintas na natureza. A outra percepção possível é mais abstrata e traz a reflexão de que há muita biodiversidade que ainda não conhecemos e outra grande parte que jamais conheceremos devido à carência de ações mais efetivas para a conservação da natureza”, enfatiza.

 

Cultivo de orquídeas 

Por terem características tão atraentes, as orquídeas são muito desejadas para o cultivo em casa. No entanto, quem pretende ter essa planta precisa se atentar a um detalhe importante: sua origem.

Gabriel aponta que é necessário ter a garantia de que a planta adquirida foi produzida de forma regular e não extraída ilegalmente da natureza. Assim, não há o estímulo ao comercio ilegal e nem o fomento da perda da biodiversidade. 

Apesar de o cultivo residencial de orquídeas gerar algumas dúvidas, o técnico de campo do Legado, Miguel Flores, esclarece que há cuidados básicos e gerais que devemos ter com esse tipo de planta. “É preciso saber em qual tipo de luminosidade essa planta ocorre e identificar se é epífita ou terrícola**, por exemplo”, explica. 

Miguel também indica que é bom manter as orquídeas em locais arejados para evitar fungos e observar as pontas de raízes para verificar se não há presença de lesmas, caramujos ou insetos que sugam a seiva das folhas. Além disso, ele reforça que é importante realizar a adubação a cada 15 dias e evitar a rega excessiva, uma vez que a planta sofre mais pelo excesso do que pela falta de água. 

 

Você também fica encantado com a beleza das orquídeas? Então, lembre-se: a natureza é bela e possui delicadezas únicas, mas que nem sempre são perceptíveis de maneira simples. No entanto, são os pequenos detalhes que nos ajudam a entender a importância de conservarmos a floresta e toda sua riqueza de fauna e flora.

 

*plantas epífitas: não possuem contato com o solo. Elas vivem suspensas, normalmente nos troncos e galhos das árvores.
**plantas terrícolas: possuem contato com a terra, podendo viver sobre ou dentro do solo. 

 

* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.

Postagens Recomendadas