Borboletas: de polinizadoras à sinalizadoras da saúde dos ecossistemas
A polinização é essencial para a manutenção da floresta. Através desse processo, as flores são fecundadas e assim, propiciam o surgimento de novas plantas.
Há diferentes tipos de agentes polinizadores como a água e o vento, contudo, são os animais os principais responsáveis por essa tarefa. De acordo com a publicação Importância dos polinizadores na produção de alimentos e na segurança alimentar global, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), 87,5% das plantas com flores são polinizadas por animais. O Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, feito pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, em inglês) em parceria com a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), acrescenta que nas regiões tropicais, 94% do trabalho é realizado por eles.
Diferentes espécies de insetos, pássaros e morcegos executam o serviço de polinização. Entre eles, estão as borboletas, que ocupam a terceira posição da lista de animais mais importantes para esse processo. Elas ficam atrás somente das abelhas e besouros, segundo o relatório.
Embora carreguem menos pólen em comparação às abelhas, as borboletas percorrem longas distâncias e conseguem visitar grandes áreas florais, colaborando com a variação genética do DNA das plantas. A promoção dessa diversidade genética, por sua vez, favorece a criação de plantas mais resilientes ao surgimento de pragas e doenças.
No mundo, há cerca de 20 mil espécies de borboletas. No Brasil, conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), existem mais de 3,5 mil, ou seja, 17,5% do total de espécies mundialmente conhecidas podem ser encontradas no país.
O papel delas para a manutenção dos ecossistemas é indiscutível. Além de colaborarem com a polinização das plantas, elas são alimentos para outros animais como pássaros, aranhas e lagartos. Desta forma, a presença ou a falta das borboletas no meio ambiente pode sinalizar alguns aspectos. A revista The Ecologist aponta que esses insetos são usados como indicadores de perda de habitat e de mudanças climáticas, uma vez que são mais sensíveis às alterações ambientais. Isso significa que os locais que abrigam uma grande diversidade de borboletas apresentam elevado grau de conservação e, portanto, fauna e flora mais saudáveis.
Características
Há quem acredite que avistar uma borboleta é sinal de sorte. Elas também são conhecidas como símbolo de renovação. Superstições à parte, você conhece as características morfológicas desse animal?
O ciclo de vida das borboletas pode ser dividido em quatro fases. A primeira é a fase de ovo, na qual a fêmea adulta faz a postura dos ovos em diferentes partes da planta em que as lagartas irão se alimentar. A segunda fase é caracterizada pela transformação dos ovos em lagartas, que podem viver alguns meses. Já a terceira é a transformação de lagartas em pupas, que são os famosos casulos. Algumas semanas depois, as pupas se abrem e liberam as borboletas, iniciando a última fase do ciclo.
A dieta das borboletas é variada e pode incluir folhas de plantas específicas, “suco” de frutos bem maduros, seiva das árvores, esterco e néctar das flores, por exemplo.
Esses insetos têm o corpo dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen. Na maioria das espécies, as antenas são voltadas para trás.
As borboletas apresentam uma infinidade de cores e possuem hábitos crepusculares. Diferentemente das mariposas, elas mantêm as asas verticalmente acima de seus corpos quando estão em repouso.
Borboletas do Legado das Águas
No Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil, foram identificadas 322 espécies de borboletas, o equivalente a 9,2% do total presente no país. No entanto, os levantamentos realizados estimam que a Reserva pode abrigar até 436 espécies diferentes.
Dentre as espécies já registradas, duas estão em alerta de extinção: Argyrogrammana caesarion Lathy (quase ameaçada) e Prepona deiphile deiphile (vulnerável). Essas descobertas foram possíveis graças à pesquisa “Borboletas do Legado”, liderada pela pesquisadora Laura Braga, em parceria com a Sustentar Meio Ambiente.
Uma novidade para 2022: O Legado lançará em abril o Programa de Turismo Científico, o qual será mais um canal de divulgação da ciência por meio da imersão do ecoturista na reserva.
O primeiro curso disponibilizado será o de observação de borboletas, juntamente com a pesquisadora Laura Braga. De acordo com Gabriel Gade, analista de pesquisa da reserva, o curso será dividido em teoria e prática para enriquecer ainda mais a experiência dos participantes.
Agora que você conhece um pouco mais sobre a importância e o papel das borboletas para a manutenção dos ecossistemas, que tal ter uma experiência de imersão na Mata Atlântica e ainda se aprofundar mais nesse tema? Em breve, os ingressos estarão disponíveis na loja online do Legado.
Vamos juntos cuidar das borboletas?
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.