Você já ouviu falar em PANC?
Termo criado em 2008 pelo biólogo e professor Valdely Ferreira Kinupp, PANC significa Plantas Alimentícias Não Convencionais, isto é, se refere a todas as plantas que têm uma ou mais partes que podem ser ingeridas, mas que não estão presente em nossa alimentação cotidiana. Todavia, o consumo e o conhecimento sobre as PANCs pode variar conforme a região, por isso são alimentos que precisam de maiores explicações, ou seja, além do nome, é importante apresentar as formas de consumo e preparo.
Estima-se que no mundo haja cerca de 25 mil espécies de plantas comestíveis. Especificamente no Brasil, a expectativa é que exista de 8 a 10 mil. Somente de espécies nativas, o número estimado é de 4 a 5 mil espécies, porém, devido aos hábitos alimentares enraizados globalmente, menos de 300 PANCs estão sendo consumidas mundo afora.
No geral, as PANCs não possuem cadeia produtiva estruturada. No Brasil, por exemplo, o cultivo é realizado, sobretudo, por agricultores familiares, que plantam para o consumo próprio ou comunitário, passando o conhecimento de geração em geração, sem apelo comercial.
Desta maneira, tanto o cultivo quanto o consumo de PANCs no país caracterizam-se como valorização do que é local, representando assim o incentivo à agroecologia e aos pequenos produtores, bem como estimulam à diversificação alimentar que fomentam a manutenção das florestas e sua biodiversidade, sendo uma aliada da conservação ambiental.
Importância das PANCs
Muitas vezes chamadas de “mato”, as PANCs são benéficas à saúde e engana-se quem acha que somente folhas podem ser classificada dessa maneira. Sementes, brotos e flores, por exemplo, também podem ser comestíveis.
Outra curiosidade é que as PANCs variam de região para região. O que é considerado uma planta alimentícia não convencional no Sudeste, pode ser tradicional no Nordeste e vice-versa. O “Arroz de Cuxá”, no Maranhão e o “Angu com Taioba”, em Minas Gerais, são exemplos de pratos típicos regionais que levam PANCs em suas receitas, assim elas também representam uma importância cultural imensurável.
Assim como as plantas convencionais, as PANCs também possuem inúmeros benefícios nutricionais, já que têm proteínas, vitaminas, antioxidantes, fibras e sais minerais, ou seja, o que nosso corpo precisa para funcionar bem. Além disso, por suas propriedades, auxiliam na prevenção de doenças.
Um diferencial das PANCs é que elas são adaptáveis, isto é, são resistentes e se propagam com facilidade em diferentes locais e climas, aspectos estes que plantas comuns em nosso dia a dia muitas vezes não são adequam. Além do mais, por não necessitar de interferência humana, seu cultivo é muito mais ecológico.
PANCs da Mata Atlântica
Estima-se que a Mata Atlântica possua uma riqueza de 20 mil espécies de plantas, sendo cerca de 6 mil endêmicas, ou seja, uma biodiversidade maior do que existe em alguns continentes, como América do Norte e Europa.
Diante dessa rica flora, a floresta também se destaca como a casa de inúmeras PANCs. No Legado das Águas, por exemplo, maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil, há a presença de algumas, como Beldroega, Bredo, Cambuci, Erva de Santa Maria, Embaúba, Hibisco, Serralha e Taioba. No local, essas plantas, além de diversificar os pratos oferecidos no restaurante, também enaltecem a biodiversidade da área, apresentando diferente espécies e seus potenciais culinários.
As Plantas Alimentícias Não Convencionais escondem inúmeras possibilidades culinárias mesmo que não seja habitual estar à nossa mesa. Além disso, são fundamentais para a manutenção das nossas florestas e sua diversidade vegetal, bem como à valorização local.
Bora inserir as PANCs em nosso cardápio? Os benefícios são imensuráveis!
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.