Mata Atlântica é o bioma com mais espécies de fauna e flora ameaçados de extinção

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Foto: Luciano Candisani

Proteger a biodiversidade é um dever fundamental de todos nós. A conservação do meio ambiente vai muito além de manter os recursos naturais estruturados, é um pilar para sustentar a vida humana.  

De acordo com o livro Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo, do Governo de São Paulo, as mudanças climáticas do planeta, o uso descontrolado dos recursos naturais, bem como a destruição dos ecossistemas, colaboram com a degradação das condições gerais do meio ambiente. Isso significa que, com a perda da biodiversidade, é provável que em poucas décadas diferentes espécies sejam extintas definitivamente, principalmente as endêmicas, ou seja, aquelas que são encontradas apenas em uma determinada região. 

Conforme o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), o Brasil possui 46.447 espécies de plantas e 117.096 de animais, mas estima-se que esse número chegue a 137 mil. A pesquisa Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), indica ainda que essa expressiva quantidade de espécies, tanto de animais quanto de plantas, se traduz em mais de 20% do número total da fauna e flora global, ou seja, coloca o país como uma das 17 nações magadiversas. 

Mesmo com esse título, a conscientização sobre a importância da conservação do meio ambiente e sua biodiversidade continua sendo um desafio. A publicação do Governo Paulista aponta que à medida que a população humana cresce, há uma grande devastação de habitats, isto é, as florestas dão lugar a plantações, pastagens, rodovias, hidrelétricas e áreas urbanas, por exemplo. 

Essa ameaça é constante na Mata Atlântica, segundo o estudo do IBGE, o bioma é o que possui mais espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção, sobretudo por ser um hotspot, área que possui muita riqueza natural e espécies nativas. 

 

Animais ameaçados de extinção presentes no Legado das Águas 

O Legado das Águas é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil e abriga 809 espécies de fauna e 956 de flora nativas do bioma. Especificamente sobre os animais, do total de espécies registradas, 50 estão ameaçadas de extinção. 

Esse dado é muito significativo, uma vez que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) revelam que a Mata Atlântica é a casa 383 animais que estão em perigo. Desta forma, o Legado é refúgio para 13% deles, como o muriqui-do-sul, maior primata das Américas e que está criticamente em perigo, como aponta a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).

Além do muriqui-do-sul, o gato-maracajá, o veado-mateiro, a anta e o queixada são animais classificados como em perigo, pela Lista da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo, e podem ser vistos no Legado.  

Uma das principais ameaças para a fauna é a perda de habitat. Segundo o IMCBio, proteger o meio ambiente ainda é o método primordial para reduzir o risco de extinção das espécies. Porém, o órgão ressalta que “a conservação da biodiversidade não pode depender de um único tipo de instrumento. É necessário desenvolver uma matriz de conservação que possa contar com outros meios, cuja participação no esforço para redução no número de espécies ameaçadas seja progressivamente ampliada”.

Essa preocupação com a conservação do meio natural também é uma atenção da Organização das Nações Unidas (ONU). Um dos seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o ODS 15 – Vida Terrestre é voltado ao tema. Ele diz, resumidamente, que proteger, recuperar, promover e deter a perda da biodiversidade é um dever de todas as pessoas. Além disso, enfatiza que medidas urgentes precisam ser tomadas para acabar com a caça ilegal e o tráfico de espécies, tanto da fauna quanto da flora, outras ameaças à vida terrestre. 

O Legado das Águas contribui para a conservação das espécies por meio das pesquisas científicas que acontecem na Reserva, bem como através do monitoramento da área. O monitoramento é realizado de duas formas: com o auxílio de câmeras trap, também conhecidas como armadilhas fotográficas que ficam em lugares estratégicos nas florestas, e pela observação direta. Em um ano, por exemplo (fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021), os muriquis-do-sul foram avistados diretamente em 10 oportunidades, enquanto os queixadas em 13. Já as câmeras trap registraram 2 vezes os veados-mateiro, e 171 vezes as antas. 

Além das pesquisas e do monitoramento, o ecoturismo desenvolvido no Legado também colabora para a proteção da fauna e flora, uma vez que as atividades estimulam uma consciência ecológica nos participantes e proporcionam um aprendizado sobre a importância em manter as florestas de pé. 

 

* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.

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