Floresta, água e mudanças climáticas: qual a relação?

Floresta, água e mudanças climáticas. Três assuntos ambientais complementares e que precisam de atenção. Enquanto os dois primeiros são de suma importância para o equilíbrio ecológico, para a subsistência humana, animal e vegetal, o terceiro é a consequência de ações maléficas às áreas florestais e seus recursos naturais, como o hídrico.  

Mas o que fazer em prol da conservação de nossas florestas e água para mitigarmos as mudanças climáticas? A gente explica! 

 

Floresta e água 

A contribuição da floresta para a regularização ecológica vai muito além do que ser a casa para diferentes espécies de fauna e flora, ela é extensa, fundamental e exerce um papel imensurável em todo o ciclo ambiental.  

Especificamente sobre a manutenção da água, as florestas têm um papel valioso em todo o processo hidrológico. Ela influencia não só a sua disponibilidade, mas também a sua qualidade. Uma mata ciliar, ou seja, formação vegetal presente nas margens dos rios, lagos e nascentes, por exemplo, desempenha uma função ambiental crucial em sua manutenção e oferta, uma vez que controla o seu fluxo em uma bacia hidrográfica, aumentando seu armazenamento ao mesmo tempo que estabiliza os solos e reduz a erosão e sedimentação de seus cursos.  

Dentre as florestas brasileiras, a Mata Atlântica é uma das mais importantes para a conservação da água. Apesar de restar apenas 24% de sua extensão original, sendo pouco mais de 12% de floresta madura e bem preservadas, ela impacta diretamente a vida de cerca de 80% da população do país abastecendo a casa de cerca de 120 milhões de pessoas por meio de seus rios, conforme indica a World Wide Fund for Nature (WWF). Contudo, essa influência está em constante ameaça pelo seu mal uso e consumo irresponsável. Não é à toa que desde 1992 a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 22 de março como o Dia da Água, buscando ampliar a discussão e conservação deste recurso.  

Neste ano, o tema da campanha de conscientização da ONU é “Acelerando Mudanças – Seja a mudança que você deseja ver no Mundo”, com o objetivo discutir formas de acelerar mudanças cotidianas para solucionar a crise global da água e seu saneamento em favor das mitigações das alterações climáticas que interferem diretamente a vida das pessoas. 

 

Floresta, água e mudanças climáticas 

As mudanças climáticas impulsionadas pela ação humana estão em constante crescimento e provocam impactos irreversíveis não só na natureza, mas para todos. Contudo, essa interferência não é algo do século XXI, ela vem de muito antes. Desde 1800, são as atividades do homem as principais propulsoras das alterações no clima. As emissões de gases de efeito estufa (GEE), por exemplo, cada vez mais estão se acumulando na atmosfera e ameaçando o bem-estar dos seres vivos e a saúde do planeta. Por consequência, desde a Revolução Industrial, a temperatura média global aumentou em 1,1ºC, tendo o período de 2011 a 2020 como o mais quente já registrado. 

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), publicado em fevereiro de 2022, na última década, a mortalidade ocasionada por eventos climáticos extremos foi 15 vezes maior em regiões mais desprotegidas. Além disso, o relatório indica que cerca de 3,6 bilhões de pessoas vivem em condições altamente vulneráveis às mudanças climáticas, sendo que muitas delas estão na América do Sul.  

Assim como os demais países sul-americanos, o Brasil é fortemente impactado pelas mudanças climáticas. Conforme o IPCC, como consequência a esse cenário dentre as complicações está o a oferta de água. Sua escassez não vai afetar só o abastecimento, mas a produção de alimentos, a saúde pública e a produção de energia, uma vez que a maior parte da eletricidade nacional vem das hidrelétricas.  

E o que fazer para mitigar esse mal? Manter as florestas em pé! 

As matas fazem a manutenção da água e garante sua qualidade, contudo elas também contribuem para o sequestro de carbono, um dos GEE que mais fomentam as mudanças climáticas. Segundo uma pesquisa publicada na revista científica Nature Climate Chage, por exemplo, de 2001 a 2019, as florestas espalhadas no mundo sequestraram duas vezes mais dióxido de carbono (CO2) do que emitiram na atmosfera, ou seja, anualmente, elas conseguiram absorver 7,6 bilhões de toneladas de CO2. 

O processo de sequestro de carbono acontece por meio da da retirada do gás da atmosfera e fixação dele na biomassa das plantas em fase de crescimento. O Instituto Brasileiro de Florestas revela que a cada sete árvores é possível armazenar uma tonelada de CO2 nos primeiros 20 anos de idade da planta. Isso reforça a importância de combater o desmatamento e estimular o plantio de árvores, visto seu potencial neutralizador carbônico.  

No Legado das Águas, por exemplo, em 31 mil hectares de floresta madura e nativa de Mata Atlântica, há cerca de 10 milhões de toneladas de CO2 estocados, o que contribui com a mitigação das mudanças climáticas, aquecimento global e atende as orientações do relatório do IPCC, que revela a necessidade de removermos o carbono da atmosfera se quisermos limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C nas próximas duas décadas.  

 

Agora você entende a urgência em conservarmos nossas florestas em prol do combate à escassez hídrica e alterações climáticas? Então, faça sua parte e ajude a saúde do planeta, afinal, ela também interfere no seu bem-estar!