Estudantes debatem importância das antas em evento de comemoração ao Dia Internacional da Anta em Tapiraí (SP)
Ações de educação ambiental, parceria entre Legado das Águas e Instituto Manacá, revelou curiosidades sobre o animal
Vários dias em meio a floresta, quilos de equipamentos, técnicas de pesquisa e imagens impressionantes de paisagens e animais. Essa é a rotina dos pesquisadores do Instituto Manacá, que em parceria com o Legado das Águas – maior reserva privada de Mata Atlântica do país – realizam um projeto de monitoramento das antas na Reserva e região do Vale do Ribeira. Essas e outras informações sobre o maior mamífero do Brasil foram levadas aos alunos do 6º ano da Escola Estadual Bairro do Turvo, em Tapiraí (SP), na última sexta-feira (26), despertando não só curiosidade dos jovens, mas conscientizando sobre a importância das antas na manutenção das florestas.
A palestra “As antas da Mata Atlântica do Vale do Ribeira: Tapiraí”, em alusão ao Dia Internacional das Antas, comemorado anualmente no dia 27 de abril, foi ministrada pela bióloga Mariana Landis, do Instituto Manacá, responsável pelo projeto de conservação da espécie no Legado das Águas.
“Nós fomos surpreendidos positivamente em ver como os alunos absorveram o conteúdo. Poucos deles tinham ideia da localização privilegiada do município de Tapiraí. A cidade é uma das poucas no país inseridas em uma área tão bem preservada de Mata Atlântica e, como consequência, é um local onde a anta, espécie em perigo de extinção, está presente no dia a dia da vida de muitas pessoas. Com isso, a comemoração do Dia da Anta se faz necessária para fomentar a valorização e a proteção da espécie e da Mata Atlântica da região. A ação com os alunos foi de grande importância para despertar nos jovens o interesse pela biodiversidade que o município abriga.”, explica Mariana Landis.
Na palestra, os alunos receberam várias informações sobre o animal. Por exemplo: quem diria que ser chamado de anta na verdade é um elogio? Pois é. Além de fofa e gentil, a anta é um dos animais mais inteligentes da fauna brasileira. Dentre as características que mais chamam a atenção, está a alta quantidade de neurônios e memória aguçada, desfazendo o mito pejorativo.
Embora robusta (anta mede de 1,70 a 2 metros e pode pesar até 300 quilos), é um dos animais mais sensíveis também, que precisa de uma floresta conservada para sobreviver. E na manutenção das florestas, ela tem um papel fundamental. O animal é considerado o “jardineiro” da floresta. Frutas nativas estão entre os principais alimentos da sua dieta, por isso, ao fazer a digestão, as fezes garantem que as sementes deem origem a novas árvores, garantindo assim o reflorestamento ou manutenção da floresta. É por essa razão, que localidades onde se tem um número considerável de antas, como Tapiraí, são necessárias ações de conservação desses animais.
Além disso, os alunos viram imagens exclusivas dos animais dentro da floresta. Para realizar o estudo, a equipe do Instituto Manacá já percorreu mais de 1,5 mil quilômetros pelas trilhas do Legado das Águas em busca de vestígios das antas e instalou mais de 40 armadilhas fotográficas, com sensor de movimento, que disparam registrando fotos e vídeos dos animais na floresta. Desde o início do estudo, e com o uso da tecnologia, foi possível obter 2.634 registros de mamíferos de médio e grande porte (26% desses registros são de antas). Todo esse material, além de fortalecer o banco de dados científico sobre a espécie, tem sido uma ferramenta de educação ambiental.
A ação encerrou com uma atividade lúdica. Os alunos brincaram com máscaras e bloquinhos do “Gasparzinho”, a única anta albina que se tem conhecimento registrada em natureza, e que vive no Legado das Águas. A atividade, coordenada pela área de Educação Ambiental da Reserva, é uma iniciativa de atuação social no município e contou também com a participação da analista de educação ambiental Elaine Moura, que apresentou a importância do trabalho de conservação feito no Legado.
Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.
Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo. Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável.