Como os morcegos contribuem para a manutenção das florestas e sua biodiversidade
Não é segredo para ninguém que a natureza é espetacular. Ela funciona como uma grande engrenagem, onde cada peça tem sua importância e um papel benéfico para o todo. Entre os atores principais destacam-se os polinizadores, animais imprescindíveis para a reprodução das plantas, a manutenção da biodiversidade e produção de alimentos que são consumidos diariamente por nós. Mas você sabe exatamente como eles trabalham e por que são tão fundamentais para os ecossistemas?
Os polinizadores transportam o pólen de uma parte da flor chamada antera (que é a parte masculina) até o estigma (a parte feminina), possibilitando a fecundação das plantas. Desta forma, o processo é considerado um serviço ecossistêmico regulatório, uma vez que resulta na formação de sementes e frutos, garantindo a reprodução das espécies vegetais ao mesmo tempo em que sustenta a biodiversidade e as funções ecológicas do meio ambiente.
Dentre os polinizadores estão as abelhas, borboletas, aves e até morcegos. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 90% das espécies de plantas com flores silvestres do mundo dependem, total ou parcialmente, da polinização animal. O órgão ainda indica que 75% das culturas alimentares e 35% das terras agrícolas globais também. Não à toa, conforme o último Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, o potencial da polinização associado à produção agrícola global é estimada entre 235 bilhões e 577 bilhões de dólares. Especificamente no Brasil, é calculada em 12 bilhões de dólares anuais.
Polinização e dispersão de sementes
Os morcegos são cruciais para a polinização de diversas espécies vegetais, especialmente em regiões tropicais, como a Mata Atlântica.
Muitas espécies adaptaram suas flores para atrair esses mamíferos voadores, dessa forma, quando eles se alimentam do néctar e pousam nas flores, o pólen vai de uma planta a outra, reafirmando que sem a contribuição deles, poderíamos deixar de comer frutas como banana, caju e manga, que são polinizados apenas pelos morcegos.
- Fotos: Miguel Flores
- Fotos: Miguel Flores
Outra contribuição dos morcegos para o equilíbrio ecossistêmico é em relação a dispersão de sementes. Esse processo, conhecido como quiropterocoria, é essencial para a regeneração de florestas e a manutenção da biodiversidade.
Durante sua alimentação, os morcegos frugívoros consomem a polpa de frutos e descartam as sementes, que podem ser eliminadas durante o voo ou, posteriormente, através das fezes. Esse mecanismo permite que as sementes sejam transportadas para locais distantes da planta de onde o animal se alimentou, com isso aumenta as chances de germinação vegetal em novos ambientes.
No Legado das Águas, pensando justamente em entender como a presença desses mamíferos voadores colabora com a conservação do território composto por 31 mil hectares de floresta atlântica nativa, está em desenvolvimento o estudo Riqueza, diversidade e abundância da assembleia de morcegos em Floresta Atlântica Ombrófila Densa das áreas preservadas do Legado das Águas, Miracatu-SP, em parceria com o Laboratório de Fauna da UFSCar Campus Araras e sob coordenação do professor Vlamir Rocha.
Até o momento, já foram realizadas seis campanhas para levantamento de espécies do grupo, que em breve serão divulgados ao público.
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Curso Noite dos Morcegos – Legado das Águas | Foto: Miguel Flores
Os morcegos são aliados poderosos na manutenção dos ecossistemas, e sua proteção é essencial para garantir o equilíbrio ambiental. Ao valorizarmos seu papel como polinizadores e dispersores de sementes, contribuímos para um planeta mais saudável e sustentável a todos.
Não tenha medo dos morcegos. Tenha apreço!
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.