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O Legado das Águas encontra-se no coração da Mata Atlântica, seu território é dividido entre três municípios: Miracatu, Juquiá e Tapiraí. A pouco mais de 100km da capital paulista, a maior Reserva Privada de Mata Atlântica do Brasil parece um oásis distante e ao mesmo tempo perto da maior metrópole da América Latina. 

A história do uso da nossa área começou há muito tempo, desta forma, guarda causos riquíssimos sobre o que somos hoje. Bora conferir algumas curiosidades?

Na década de 50, sob a direção de José Ermírio de Moraes, a Votorantim S.A. adentrou no setor de energia, na região do complexo hídrico do Rio Juquiá. Com a fundação e o crescimento da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), a necessidade em se obter energia fez com que a empresa passasse a construir e manter usinas hidrelétricas próprias nesse complexo. Além de construir as usinas, a empresa comprou as terras ao redor dos reservatórios, garantindo assim sua disponibilidade hídrica.

Em 37 anos (1949-1986), sete usinas hidrelétricas foram construídas, com isso, o investimento em energia e em proteção de florestas se tornou um diferencial da Votorantim. É deste cenário que nasce o Legado das Águas.

Em 2012, a CBA, Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia, se juntaram para transformar o território de 31 mil hectares no entorno das usinas na maior Reserva Privada de Mata Atlântica do Brasil.

O Legado das Águas passou a ser considerado uma área protegida de caráter privado depois que a Votorantim S.A. e o Governo do Estado de São Paulo assinaram protocolo firmando a intenção de perpetuar a proteção da área e dos seus recursos naturais, com o intuito de estimular a produção de conhecimento e práticas de conservação ambiental, gerando valor compartilhado, facilitando os avanços em estudos científicos; educação ambiental; uso público; proteção de espécies ameaçadas de extinção e desenvolvimento socioeconômico da região.

Em 2017, foi implantado o Uso Público no Legado das Águas, que hoje conta com a oferta de mais de 20 atividades ecoturísticas. Conheça abaixo a história em torno de algumas delas:

A Trilha da Figueira Centenária é acessível e tem, aproximadamente, 300 metros. Nela encontramos um jardim suspenso, sobre uma enorme figueira formando um tipo de condomínio de epífitas (plantas que vivem sobre outras sem causar dano, é apenas para suporte). Sobre esta árvore, encontramos diversas espécies de bromélias, como a barba-de-velho, e orquídeas.

Durante a trilha, também podemos observar algumas orquídeas que foram realocadas, elas estão presas às arvores com uma fita biodegradável. Esse é um dos trabalhos feitos pela equipe do nosso Centro de Biodiversidade e é uma forma de dar uma segunda chance a planta, pois, embora a queda das árvores seja um processo natural, essa técnica é imprescindível para a perpetuação das espécies. 

Antes ou após você realizar essa trilha, há o Jardim Sensorial onde você poderá aguçar seus sentidos através do contato com plantas que estimulam o tato, o olfato e até mesmo o paladar. 

Vasos com muda de estévia (Stevia rebaudiana), citronela Cymbopogon winterianus) e boldo (Plectranthus barbatus) permitem que consigamos perceber melhor os nossos sentidos e treiná-los para que estejam ainda mais aguçados para prestar atenção na imensidão da Mata Atlântica que nos cerca.

No início da trilha, podemos ver resquícios de uma tapera antiga, que indica a presença de antigos moradores. Logo na entrada, nota-se a presença de um pé de urucum (Bixa orellana), planta muito usada na culinária.  Mais à frente, também há presença ilustre de uma árvore muito famosa no sul do país: a araucária. Das plantas nativas que encontramos no percurso destaca-se, a copaíba (Copaifera trapezifolia), árvore que deu nome à trilha.

A atração leva até um mirante com uma vista de 360°. Neste ponto, a Reserva está a mais de 700 de altitude em relação ao nível do mar e é o único ponto que conseguimos ter sinal de operadoras de telefonia. É o momento perfeito para compartilhar com a família e amigos o local que você está! 

Além disso, essa mesma trilha pode te levar em outros pontos como: o Poço do Cambuci e a Prainha.

A Trilha da Onça-Parda é um atrativo autoguiado. Seu nome se deve por registro visuais e fotográficos de onças-pardas (Puma concolor) que já passaram por ali. Já foi feito monitoramento de fauna nesta trilha através de armadilhas fotográficas, as quais registraram outras espécies como a anta (Tapirus terrestres), irara (Eira barbara), e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). 

O trajeto também te leva para um visual impressionante da barragem da Barra, onde é possível contemplar de um patamar mais elevado a dimensão da nossa floresta. Para quem gosta de observação de aves, bem no final da trilha há uma área onde você pode fazer belíssimos registros do cauré (Falco rufigularis). Seu poleiro preferido é uma embaúba (Cecropia glaziovii), onde fica extremamente à vontade e não se incomoda com a presença de pessoas. Às vezes, é possível presenciar sua caçada.

Uma trilha carregada de muitas histórias.

O nome desta trilha se deve pelas centenárias e gigantescas árvores que estão presentes no trajeto. As muitas figueiras (Ficus gomelleira), copaíbas (Copaifera trapezifolia), jequitibás (Cariniana estrellensis) e jatobás (Hymenaea courbaril) fazem com que nos sintamos pequenos diante da presença dessas majestosas anciãs.

Curiosamente, essa figueira foi encontrada “acidentalmente”, pois parte do percurso, é utilizado para o monitoramento da Reserva, porém, em uma das inspeções de rotina, o acaso levou um dos agentes a se deparar com a figueira que, até há algum tempo, a chamavam de “figueira-mãe”, por conta de seu tamanho. A posição do seu tronco, também chama a atenção, pois, é ligeiramente inclinado para a direita. Suas raízes são impressionantes e mostram o poder e o significado da palavra resiliência.

A Trilha do Cambuci é indicada para todas as idades. Mais da metade do percurso possui uma estrutura suspensa que permite a contemplação da floresta de nível mais elevado. Essa “passarela” também é muito cobiçada por observadores de aves, uma vez que espécies como o macuco (Tinamus solitarius), uru (Odontophorus capueira), choquinha-pequena (Myrmotherula minor), não-pode-parar (Phylloscartes paulista) marcam presença no local. 

A trilha está localizada em uma área de mata secundária, onde é possível ver espécies exóticas nas proximidades, tais como abacate, banana, limão e bambu. Isso acontece porque antigamente havia moradores nessa região que trabalhavam na construção das barragens existentes no território. Como as obras demoravam, era possível desenvolver uma vila inteira e essas frutas eram usadas na alimentação dos moradores. Hoje só restam taperas antigas que podem ser vistas em alguns pontos da Reserva.

Na Trilha do Cambuci também é possível contemplar espécies que já estiveram à beira da extinção, como a juçara (Euterpe edulis), a samambaia-açu (Cyathea hirsuta) e a geonoma (Geonoma elegans).  Durante o percurso, conseguimos observar a dinâmica de uma floresta saudável, onde a existência de algumas espécies, como a embaúba e o angico, mostra como a regeneração da floresta ocorre.

Vale destacar que a atração também virou um “estúdio” de fotografia, pois já foi local para lindas fotos da nossa fauna, como a anta albina, irara, paca e cachorro do mato.

No final da trilha, encontramos uma caixa de abelhas nativas da Mata Atlântica: a jataí. Ela não possui ferrão e produz um mel muito saboroso, além disso, uma das características dessa espécie é de “fechar a porta” da colmeia, ou seja, elas se protegem de predadores vedando a entrada ao entardecer e só abrem no outro dia. Curioso, não?

O Poço do Cambuci, na realidade é uma estrutura que foi construída para captação d’agua (mini barragem) para abastecimento da antiga vila de operários. Atualmente, a captação é usada para abastecimento para irrigação do nosso viveiro de plantas.

Esse ponto ficou conhecido como “Poço do Cambuci” por conta dos pés de cambuci (Campomanesia phaea) que o rodeiam. Na época de frutificação, os frutos caem o que torna um atrativo saboroso para os animais que transitam por ali, como anta.

A trilha fica a 40 minutos da Base do Legado. A origem do seu nome gira em torno de algumas versões da mesma história que vai desde moradores locais que usavam aquela área no mês de dezembro, até uma versão que diz que a abertura dessa trilha ocorreu em dezembro.

O percurso interliga a outros, onde através deles, pode-se chegar até os limites da Reserva. Além disso, o trajeto é muito utilizado para o monitoramento ambiental e para a realização de pesquisas, pois ali encontra-se uma parte da floresta em alto grau de conservação. 

Nesse caminho, podemos ver vestígios de intensa atividade dos animais tais como, muriqui-do-sul, anta, queixadas e onças. Nessa região, também já foi avistada a maria-leque-do-sudeste, ave muito cobiçada pelo birdwatchers.

No final da trilha, iremos nos deparar com uma belíssima cachoeira e tomar um refrescante banho em suas piscinas naturais. 

A Cachoeira do Tamanduazinho é local indicado para todas as idades. Com apenas um quilometro de extensão (ida e volta), possui uma piscina natural onde você pode se refrescar. Esse atrativo está na divisa entre o Legado das Águas e o Parque Estadual Jurupará, duas áreas de grande importância para o corredor ecológico de Mata Atlântica presente no Vale do Ribeira.  

A cachoeira também agrega um pouco mais de beleza para quem gosta de uma aventura sobre duas rodas. Os bikers mais experientes podem apreciar uma trilha, a Sigletrack do Tamanduazinho, de percurso de mão única, realizando um pedal cercado pela Mata Atlântica, desviando de obstáculos naturais como raízes, troncos e passando por trechos com pequenas pontes. 

Histórias antigas, contam que esses atrativos recebem o nome de Tamanduazinho, pois ali era muito comum ver um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). Mas também existe a versão de que o nome vem de um antigo bairro que ficava nessas redondezas, não muito longe da cachoeira

Para quem gosta de uma aventura refrescante, o Legado das Águas dispõe de algumas atividades aquáticas como a canoagem. Seu percurso total é de 9km e que irá te levar há uma cachoeira que passa quase que despercebida. Há a opção de fazer a canoagem noturna, onde você se sentirá parte desse bioma que nos cerca. O som do remo empurrando o caiaque na imensidão noturna, parece o único som presente, mas se você prestar bem a atenção, poderá testar seus sentidos e ouvir o que a floresta tem a dizer. Quando os animais noturnos começam suas atividades, seja através de cantos ou até mesmo de passos delicados, é possível deixar a imaginação fluir para tentar adivinhar quem estava pelas redondezas. Além disso, é uma experiência sensorial guiada pelo luar.

Para quem não gosta muito de remar, neste mesmo percurso, é possível fazer um passeio de barco que te levará para esses mesmos atrativos. A diferença é que você poderá fazer belos registros e caso deseje, se molhar. 

Outro ponto muito interessante dessa atividade, é a prainha. Tanto de barco como de caiaque, é possível usufruir de sua estrutura com banheiro seco, caiaques e stand up paddle. Ali é o momento de parar para descansar um pouco e curtir ainda mais a paisagem que te cerca. É uma ótima oportunidade de sentir um verdadeiro abraço da floresta.

Agora para quem é do time dos aventureiros, o rafting é ideal. Com 4,7km de extensão, você pode contemplar de outra visão a Mata Atlântica, passando por pequenas corredeiras, entre elas a corredeira das algas, onde observa-se um maravilhoso jardim de plantas subaquáticas. Nesse mesmo local inicia-se um profundo poço em que é possível entrar na água e descer por 100 metros flutuando suavemente pela leve corrente do rio. A calmaria acaba com a chegada da corredeira da ponte. Esta deliciosa corredeira tem um grande salto no final que dá um verdadeiro banho em todos os participantes.

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