A importância da observação de aves para a saúde humana e florestal
Atividade realizada desde os primórdios e que virou um hobby com maior abrangência no século XX, a observação de aves é uma prática em ascensão Brasil afora. Segundo o Ministério do Turismo, o segmento, que faz parte do turismo de natureza, conta com mais de 100 milhões de observadores no mundo e gera cerca de 90 bilhões de dólares anualmente, sendo um importante propulsor econômico de atividades amigas do meio ambiente.
Mas qual a importância da observação de aves?
A observação de aves é mais do que um momento de contemplação, é uma atividade multifacetada que desempenha um papel crucial em várias frentes, incluindo ciência, conservação, educação ambiental e bem-estar.
No âmbito científico, os observadores atuam como cidadãos cientistas, isto é, por meio de seus avistamentos fazem coletas de dados, como distribuição, abundância, comportamento, ecologia de espécies ameaçadas e saúde das aves, os quais auxiliam no conhecimento sobre a área e favorecem a proteção da avifauna.
Já na esfera educacional, a observação de aves fomenta um entendimento mais profundo sobre a biodiversidade, ecossistemas e desafios enfrentados pela vida selvagem, ou seja, ao aprender sobre as aves e seus habitats, os observadores são inspirados a se tornarem defensores ativos da conservação.
Agora no campo do bem-estar, a prática traz uma série de benefícios para a saúde física e mental. Ao passar o tempo ao ar livre fazendo seus avistamentos, os observadores de aves têm a oportunidade de se conectarem com a natureza, ação que colabora com a redução do estresse, melhora o humor e estimula os sentidos, como audição e visão, exercita a concentração, a função cognitiva e a mente.
Observação de aves na Mata Atlântica
O interesse pela observação de aves está crescendo anualmente. Conforme dados do WikiAves, uma enciclopédia colaborativa de compartilhamento de dados, fotos, vídeos e áudios sobre a avifauna, em 2023, a plataforma fechou o ano com 47.251 usuários que enviaram mais de 500 mil imagens e mais de 26 mil sons de diferentes espécies, muitos desses registros realizados na Mata Atlântica.
A Mata Atlântica é um dos biomas mais biodiversos do mundo e em relação à avifauna não é diferente. Sua floresta abriga 992 espécies de aves, muitas exclusivas, ou seja, que só podem ser encontradas em sua floresta, e outras com algum grau de ameaça, como o gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus), caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), formigueiro-de-cabeça-negra (Formicivora erythronotos), maria-leque-do-sudeste (Onychorhynchus swainsoni) e sabiá-pimenta (Carpornis melanocephala).
Com uma rica biodiversidade de aves, a Mata Atlântica também é a floresta do segundo melhor território para a observação de aves: o Legado das Águas.
O Legado das Águas já registrou 363 espécies de aves em sua área de 31 mil hectares de mata nativa em alto grau de conservação, o que representa 43% da avifauna do Estado de São Paulo. Do total, 117 espécies são exclusivas do bioma e 38 estão ameaçadas ou quase ameaçadas.
Desde 2020, o Legado é um dos hotspots de observação de aves do Global Big Day e October Big Day, maiores eventos do segmento do mundo, os quais motivam observadores de todo o planeta a se dedicarem ao avistamento e registro de aves durante 24 horas.
Nas últimas edições, que aconteceram em maio e outubro de 2023, o Legado das Águas esteve nas primeiras posições do ranking nacional de maior número de espécies observadas, ficando na 3ª e 2ª posição, respectivamente.
Para além dos eventos, o Legado das Águas está aberto durante todo o ano para os observadores de aves, sejam eles iniciantes ou experientes. Em 2023, dos cerca de 3.600 visitantes que estiveram no local, muitos eram avistadores.
A observação de aves pode ser realizada de forma autônoma pela estrada e trilhas autoguiadas do Legado ou com o acompanhamento de guias especializados no segmento. Mas, independentemente da escolha, alguns cuidados devem ser levados em conta durante os avistamentos.
A observação de aves nos convida a olhar para o céu com um novo sentido de admiração e curiosidade. É uma prática que transcende a mera identificação de espécies, oferecendo-nos uma oportunidade de imergir na beleza da natureza. Além disso, nos lembra da importância da conservação do meio ambiente. Afinal, mais do que uma atividade, observar as aves é uma forma de olharmos para um futuro mais sustentável.
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.