Quais são as tendências ESG para 2022?

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A pandemia da COVID-19 mudou muitas concepções sociais. E afeta todos os setores da sociedade, como o da saúde, social e econômico. Desta forma, a crise sanitária trouxe à tona um conceito criado em 2004, mas que não era tão discutido: o ESG (sigla inglesa para “environmental, social and governance”, em português “ambiental, social e governança – ASG”).

Esse conceito é usado para guiar boas práticas de negócios e investimentos de instituições públicas e privadas. Assim, durante a pandemia, governos, empresas e investidores buscaram reavaliar o modo de vida da população e quais são os princípios de resiliência para o combate à doenças e, consequentemente, como podem contribuir para evitar futuras crises. Com isso, desde 2020, o termo ESG passou a estar muito presente no vocabulário das corporações, bem como ser mencionado no universo digital. A tendência é que continue em 2022.

De acordo com o Google Trends, por exemplo, no ano passado, a sigla atingiu seu nível mais alto de interesse público em 16 anos.  Em comparação a 2020, a busca foi quatro vezes maior; agora, em relação a 2019, a procura aumentou treze vezes.

Segundo dados da Climate Bonds Initiative, mundialmente, os fundos verdes atingiram 400 bilhões de dólares em 2021, ou seja, quase o dobro de 2020, quando foi de 270 bilhões de dólares. Do total, 54 bilhões de dólares foram destinados exclusivamente para fundos ESG.  

Já no relatório Análise do Mercado na América Latina e Caribe, a Climate Bonds Initiative apresenta que a emissão de títulos verdes, sociais e sustentáveis chegou a 16,3 bilhões de dólares na América Latina e Caribe. 2021 atingiu 12,5 bilhões de dólares. Chile e Brasil são os países que possuem os maiores mercados de títulos da região.  

 

Tendências ESG para 2022

Apesar do aumento no interesse em torno das práticas ESG, uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao lado do Instituto FSB, revela que 72% dos líderes nacionais estão pouco ou nada familiarizados com o tema. No entanto, 63% indicaram que irão aumentar os investimentos ESG nos próximos anos.  

Dentre os assuntos em ênfase, a preocupação com as mudanças climáticas e com a emissão de gás carbônico devem continuar em destaque.

A justiça climática, termo que coloca as mudanças climáticas como uma questão política,  foi assunto discutido na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). Logo, a expectativa é que, até 2025, 100 bilhões de dólares sejam repassados para os países em desenvolvimento, que são os que mais sofrem as consequências dos efeitos climáticos. Espera-se que as organizações privadas também trabalhem para mitigar tal condição de desigualdade social. 

Outro ponto abordado na COP26 foi sobre a emissão e neutralização de CO2. Os países se comprometeram a reduzir em 45% a emissão até 2030 e neutralizar até 2050. No entanto, para que isso se concretize, é preciso que os governos e empresas trabalhem com o sequestro do carbono, ou seja, que ampliem e mantenham as florestas em pé!

Mais uma tendência é apostar na inovação como propulsora para sustentabilidade, isto é, por meio de inovações conseguir gerir o uso da água e energia com responsabilidade, assim como cultivar e controlar o desperdício e combater o desmatamento, além de proteger a biodiversidade.

Foto: Arquivo Legado das Águas

Em relação ao pilar S, dos critérios ESG, os temas de bem-estar e saúde mental devem ser pautados pelas empresas. 

A partir de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar a Síndrome de Burnout como uma doença decorrente do trabalho. Além disso, a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMA), indica que o Brasil é o segundo país do planeta com o maior nível de estresse. Desta forma, programas de promoção e prevenção da saúde mental podem ser adotados pelas instituições para impulsionarem o cuidado com a vitalidade de seus colaboradores.

Em torno do fator G, continua a busca por empresas mais diversas e que possibilitem um maior espaço e protagonismo para as minorias sociais. Conforme o Índice de Equidade Racial nas Empresas (IERE), da  Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, os cargos mais altos das empresas são pouco ocupados por negros. O levantamento indica que, somente, 10,3% das vagas de gerência e supervisão são preenchidas por profissionais negros, enquanto apenas 5,5% por negras. Em relação às funções de diretor, conselheiro e administrativo os números caem para 3,3% para homens negros e 0,8% para mulheres negras. 

 

Legado das Águas e as práticas ESG

O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, foi criado baseado no conceito ESG, mesmo quando o termo não era tão popular assim. Daniela Gerdenits, coordenadora de parcerias e responsabilidade social da Reserva, destaca como as ações realizadas pela empresa são sinérgicas com os critérios. “Nossa atuação se baseia no uso sustentável dos recursos naturais, tendo como pano de fundo a conservação da floresta em pé. Utilizamos energia renovável, nossa água e esgoto são tratados, há separação para coleta seletiva e destinação responsável dos resíduos. Também recebemos visitantes para atividades de uso público, como o ecoturismo e a educação ambiental; fazemos a produção de plantas nativas rastreáveis para reflorestamento e paisagismo (contribuindo para a ampliação da cobertura vegetal do planeta); além de diversas pesquisas científicas, a fim de possibilitar descobertas, gerar conhecimento e aprimorar práticas para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica”, revela.

Em relação às iniciativas sociais, a coordenadora indica que elas são pensadas para o desenvolvimento do território em diversas frentes, de modo a integrar os atores locais e compartilhar práticas e oportunidades que exemplifiquem o quanto é possível gerar valor com a manutenção da floresta. 

A priorização de contratações locais também faz parte da governança do Legado, assim como a composição de uma equipe mais diversa. “A Reserva enxerga na diversidade de perfis um ganho na evolução do negócio e no desenvolvimento das pessoas que fazem parte”, conta.

Dentre as vantagens de ser uma empresa conectada com os pilares EGS, Daniela menciona o destaque que as organizações podem conquistar, bem como o alinhamento dos propósitos de seus stakeholders. “A atuação ESG agrega valor, além de conferir credibilidade e segurança para quem usufrui dos produtos e serviços de uma companhia”, enfatiza.

Para ela, as empresas que buscam trabalhar alinhadas aos critérios ESG precisam estudar as possibilidades que tais ações podem oferecer ao negócio, conhecer outras organizações que trabalham no mesmo setor e buscar melhorias que possam ser mensuráveis. “Também é necessário criar uma estratégia de comunicação vertical e horizontal onde o conceito ESG se torne um valor a ser seguido por todos que fazem parte da organização”, finaliza. 

 

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* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.

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