Artesãs de Miracatu transformam fibra de banana em negócio lucrativo
Associação Banarte chegou perto de fechar as portas há três anos, mas foi totalmente reestruturada com auxílio do Plano de Turismo Integrado Regional e hoje expandiu os negócios
Com o apoio do Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, a Banarte, uma das associações pioneiras na produção de peças artesanais a partir da fibra da folha da bananeira no Vale do Ribeira, conseguiu se reinventar para não só manter viva a tradição, mas também ganhar novos mercados.
Formada por mulheres artesãs, a Banarte tem mais de 20 anos de história em Miracatu (SP) e, há três anos, chegou bem perto de encerrar suas atividades, conforme recorda a presidente da associação, Léia Alves. “Quando conhecemos o Legado das Águas estávamos em uma fase muito ruim. Contávamos moedas para confeccionar os cartões de visitas. Então, eram duas alternativas: fechar ou buscar novas parcerias. Escolhemos a segunda opção. Foi quando conhecemos o Plano de Turismo Integrado Regional (PTIR) e o Legado das Águas. De lá para cá, tudo mudou”, explicou.
Iniciado em 2017, o PTIR faz parte do Programa de Apoio à Gestão Pública (AGP), uma parceria entre o Legado das Águas, o Instituto Votorantim e o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) com os municípios onde a Reserva está inserida. O objetivo do programa é promover o desenvolvimento sustentável e gerar emprego e renda por meio do fortalecimento das cadeias produtivas e do potencial turístico da região.
“A Banarte é um dos gratos exemplos que temos de como, quando trabalhamos de forma integrada, é possível que toda a comunidade cresça. O artesanato local é um importante atrativo turístico para uma região. Com a Banarte conhecida no país e até fora dele, toda a região ganha e vice-versa. Com o potencial turístico conhecido, mais pessoas visitarão o ateliê, toda a economia gira, contribuindo para o desenvolvimento sustentável desses municípios. Esse é o legado que queremos deixar”, conta Daniela Gerdenits, consultora de Responsabilidade Social do Legado as Águas.
De acordo com Léia, após a parceria com o Legado das Águas e a consultoria, o faturamento médio das artesãs teve um aumento de cerca de 1.900% ao mês, sem contar os contratos com grandes fornecedores. “Somente no ano passado, em uma semana, chegamos a receber 400 turistas para conhecer o nosso trabalho. As vendas alavancaram. Isso mudou, além da situação financeira, a autoestima de todas as artesãs. Nem elas tinham a noção do quanto o trabalho delas é importante, que gira toda uma cadeia e envolve muita gente, seja na cidade ou no campo. Hoje, estão mais confiantes e têm orgulho da profissão”.
A situação da associação começou a mudar quando o grupo de mulheres artesãs conheceram a importância das redes sociais como nicho de negócio. “Não tínhamos nem maquininha de cartão, essa foi a primeira medida que implantamos. A segunda foi abrir contas nas redes sociais e começar a divulgar o nosso trabalho. O retorno foi quase que imediato. Em menos de um mês nossas vendas dobraram. Desde então, recebemos encomendas de todo o país e até de fora dele. Essa semana recebi uma ligação da Alemanha. Foi por meio das redes sociais que conhecemos o designer Luciano Pinheiro que hoje tem parceria com a gente”.
Pelo PTIR, que contratou a assessoria Turismo 360 para executar as formações e orientar a Banarte, as artesãs aprenderam também a mudar o foco da venda no mundo real e transformar o ateliê em ponto turístico. Hoje, o visitante que chega à Banarte pode acompanhar todo processo de fabricação das peças, desde a forma em que é extraída a fibra até a conclusão das peças. Além de aumentar as vendas, ajudaram na entender o valor do trabalho. “O que antes as pessoas achavam caro, hoje veem valor”, destacou Léia. Nessas visitas, as artesãs também buscam apresentar aos visitantes a história e os pontos turísticos de Miracatu, o que contribui para fomentar outros setores da economia local.
Pandemia
De acordo com a presidente da Banarte, a parceria com o Legado das Águas também tem sido essencial para minimizar os impactos gerados pela pandemia do novo coronavírus. Sem poder receber turistas ou abrir o ateliê, o grupo elaborou e lançou um projeto de financiamento coletivo na busca por apoiadores e parceiros. A página de financiamento pode ser acessada pelo endereço: https://www.catarse.me/mulheres_caicaras_d5c8?fbclid=IwAR3VFzzpIWk8J2iUawEkaIlhY9-5K6M29pwS83S3SaOKi48IPVJquq2RVbE.
O Legado apoiou a ideia divulgando em suas redes sociais e entre seus empregados, que contribuíram para o financiamento.
“Continuamos trabalhando de casa e estamos recebendo pedidos de orçamento por telefone. Não estamos em uma situação excelente, longe disso. Ainda falta muito para conseguir vencer essa crise. Mas, conseguimos nos organizar e isso, aos poucos, vem dando resultado”, destacou Léia.
Ao todo, o grupo conta com 20 mulheres. Além das artesãs, a Banarte também gera renda para mulheres do campo, responsáveis por extrair a fibra. “Temos a senhora do sítio, que acorda de madrugada para tirar a fibra da folha da bananeira, um trabalho árduo. Essa senhora não tem outro emprego. É uma corrente grande de pessoas que dependem do artesanato. Por isso, a importância da colaboração de todos adquirindo as nossas peças, divulgando nosso trabalho e contando a nossa história. Só assim, acredito que vamos conseguir superar essa crise e, quem sabe, saímos mais fortes dela”, finalizou a presidente.
Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.
Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável.
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