Viveiro de mudas da Mata Atlântica, do Legado das Águas, completa um ano de operação com trabalho inédito no Brasil
Em um ano de atividades, o viveiro do Legado das Águas registrou a produção de 110 mil mudas, consolidou sua primeira grande venda e catalogou mais de 85 espécies da Mata Atlântica, algumas delas nunca antes estudadas. Inaugurado em 2016, ele tem a proposta de ser um importante polo ambiental e social, destinado ao desenvolvimento econômico local aliado à conservação desse bioma, que chegou a ocupar no passado cerca de 15% do território nacional, restando atualmente apenas 7% da área original.
O destaque para o período é a produção de espécies ornamentais da Mata Atlântica para paisagismo urbano. A iniciativa, pioneira no Brasil, tem levado para às cidades, plantas de importância ambiental, econômica e paisagística. Além disso, o viveiro também é pioneiro no trabalho com espécies raras e que estão classificadas como “Vulneráveis” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, ou seja, que enfrentam um risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo. Entre as espécies classificadas como vulneráveis e que o viveiro reproduz estão a Palmeira Juçara, a Garapeira e o Cedro rosa.
“Estamos fazendo um trabalho inédito no Brasil. Em um ano conseguimos formar mudas com o mesmo padrão de qualidade estético das melhores plantas exóticas disponíveis no mercado. Além disso, nossas mudas levam vantagem em relação às plantas exóticas em função da facilidade de manutenção, crescimento mais rápido e estarem adaptadas ao nosso próprio bioma. Estamos levando a Mata Atlântica de volta para as cidades!”, afirma Thiago Ribeiro Nicoliello, líder de recursos naturais e pesquisas do Legado das Águas.
Nesse sentido, e para atender o mercado crescente de paisagismo, o viveiro está produzindo plantas nativas que tenham flores ou folhagem ornamentais, com foco em árvores de pequeno e médio porte. “A comercialização das plantas visa o mercado de paisagismo sustentável da Região Metropolitana de São Paulo, ou seja, arquitetos, paisagistas empresas de implantação de jardins e até mesmo particulares”, explica Nicoliello.
Restauração florestal
Além do paisagismo, outra linha de atuação do viveiro do Legado das Águas é a produção de mudas nativas para a restauração florestal que atende, por exemplo, a demanda de empresas e produtores rurais que precisam recuperar áreas degradadas em suas propriedades, atendendo a exigências do Código Florestal.
Entre as iniciativas do viveiro, também está a produção de espécies nativas para projetos florestais com aproveitamento econômico, como produção de madeira e de espécies frutíferas, como o cambuci, com alto potencial de levar benefícios financeiros ao produtor. Os estudos para implantação desse foco de atuação já estão em andamento, visando que, nos próximos anos, as espécies já estejam disponíveis para execução do projeto.
Unindo o reflorestamento com o paisagismo
No primeiro ano de atividades do viveiro, o Legado das Águas colocou em execução um projeto inovador. Uma parceria entre com a Votorantim Cimentos e a Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo possibilitou transformar o Parque Gabriel Chucre, localizado na cidade de Carapicuíba, na zona oeste da região metropolitana de São Paulo. Está em execução um projeto de reflorestamento com paisagismo com as mudas do Legado das Águas. Serão 15 mil mudas, em sua maioria da espécie Figueira-brava, que vão dar origem a uma floresta. A copa das árvores servirá de abrigo e oferecerá alimento para aves, principais responsáveis pela dispersão de sementes para outras regiões da cidade, ampliando o potencial de crescimento da vegetação nativa.
“A ideia do paisagismo urbano sustentável é trabalhar com regiões onde houve, no passado, a presença da Mata Atlântica. Hoje, cerca de 90% da vegetação dos centros urbanos é exótica, ou seja, composta por flora originária de outros países. Como a Figueira-brava é uma espécie extremamente resistente e que vive mais de 300 anos, deixará a longo prazo um relevante legado de serviços ambientais, proporcionando a melhoria na qualidade de vida das pessoas”, conta Ricardo Cardim, da Cardim Arquitetura Paisagística, parceiro do Legado das Águas e que está pesquisando e identificando na reserva as espécies da floresta com potencial ornamental para cultivo.