Você conhece a importância das onças-pintadas para a conservação das florestas e sua biodiversidade?
Maior felino das Américas e o terceiro mundial, ficando atrás somente do tigre o do leão, a onça-pintada é de extrema importância para a conservação das florestas, porém, segue ameaçada de extinção. De acordo com a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), o animal está classificado como quase ameaçado globalmente. No entanto, quando analisamos a situação no Brasil, a categorização muda para vulnerável, exceto na Mata Atlântica onde as onças estão criticamente em perigo, isto é, no último estágio antes da extinção, conforme o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A perda de habitat por causa do desmatamento, da agricultura, pecuária e expansão urbana, bem como as mudanças ambientais e a caça predatória, são apontadas pela IUCN e pelo MMA como as principais ameaças para as onças-pintadas.
Buscando combater esses impactos negativos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) criou o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Grandes Felinos para apresentar ações fundamentais para a conservação não só das onças-pintadas, mas das onças-pardas que também estão em vulnerabilidade no país.
Outra iniciativa foi a oficialização do dia 29 de novembro como o Dia Nacional da Onça-Pintada. A data tem como intuito propagar o papel ecológico, econômico e cultural da espécie para assim fomentar a conscientização em prol da sua defesa.
Assim como as instituições nacionais, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem preocupação com a proteção da fauna global. Um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o ODS 15 – Vida Terrestre, indica a importância dos órgãos públicos e privados para proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres a fim de deter a perda da biodiversidade, e assim combater o risco de extinção em torno das onças-pintadas.
Características e importância ambiental
Símbolo Brasileiro da Conservação da Biodiversidade, a onça-pintada tem a mordida mais poderosa entre os felinos. Sua mandíbula é capaz de perfurar o casco de uma tartaruga sem dificuldade e seu canino pode ter até cinco centímetros, por exemplo.
As onças-pintadas estão no topo da cadeia alimentar e cerca de 80 espécies fazem parte de seu cardápio. Elas caçam de pequenos mamíferos, como tatus e cutias, a maiores, como queixadas, antas, porco-do-mato e veado. Também podem se alimentar de peixes, jacarés e aves.
Elas possuem hábitos crepusculares e noturnos, ou seja, são mais ativas ao anoitecer e amanhecer.
Sua pelagem varia normalmente entre amarelo-claro ao castanho-ocreáceo, porém, também têm a variação melânica, isto é, onças com coloração escura, mas que ainda possuem manchas, também conhecidas como rosetas. Assim como em outros gatos pintados, nas onças, as rosetas são como impressões digitais, únicas para cada animal.
Geralmente, vivem solitárias, mas é comum ver as fêmeas com os filhotes, que as acompanham até atingirem, aproximadamente, dois anos. Em período de reprodução, elas também podem ser avistadas em casal. O período gestacional da espécie pode durar até 105 dias, podendo gerar até quatro filhotes, mas normalmente são dois.
Outra característica desse animal é que ele é o único felino das Américas com capacidade de rugir, uma vez que o osso hioide não é totalmente ossificado. Desta forma, há uma maior potência de vibração que permite a emissão de um som grave, chamado de esturro.
As onças-pintadas conseguem se adaptar a diferentes tipos de ambientes, ou seja, podem estar presentes tanto em florestas fechadas como em campos abertos, locais áridos ou semidesérticos. De acordo com a Associação Onçafari, o Brasil é casa de, aproximadamente, 50% da população mundial da espécie. Amazônia e Pantanal são os maiores refúgios para o animal, e a Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em inglês), restam cerca de 300 onças-pintadas nessa floresta, ou seja, um risco ambiental. No Pampa, elas já estão extintas, por exemplo.
Outra curiosidade é que os indivíduos presentes no Pantanal são maiores do que os que vivem em matas densas. De acordo com a Onçafari, pesquisas indicam que em regiões abertas há uma tendência de bichos maiores, uma vez que sua estrutura física ficou compatível ao modo de caça nesse tipo de ecossistema.
Monitoramento no Legado das Águas
Por serem grandes predadoras, as onças-pintadas exercem o papel de equilíbrio ambiental na natureza. A bióloga e guia da Onçafari, Bárbara Dias, revela que “uma de suas funções ecológicas é controlar a população das suas espécies de presas. Além de que os grandes felinos necessitam de uma área grande para que possam viver, portanto, preservando uma área de floresta e seus recursos para a sobrevivência das onças, também beneficiamos inúmeros outros seres vivos que também dependem daquele ambiente”.
Pensando nessas contribuições e buscando trabalhar em prol da proteção das onças-pintadas e pardas, o Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, tem uma parceria com a Onçafari desde agosto de 2020. Essa relação tem como objetivo prezar pela manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica como um todo.
A bióloga conta que estudos científicos são realizados com o foco de entender a dinâmica das onças presentes na Reserva. Para a obtenção dessas informações, há o monitoramento, que é feito por armadilhas fotográficas, procura de rastros nas trilhas e observação feita de carro. Para Bárbara, as pesquisas “apontam diretrizes para ações mais eficientes voltadas para a conservação do bioma”.
A parceria também tem uma atuação de educação ambiental e desenvolvimento social junto com as comunidades do Vale do Ribeira, região onde o Legado está inserido. “O turismo é uma das nossas principais ferramentas, hoje nós oferecemos palestras para os visitantes do Legado e ano que vem também lançaremos um passeio Onçafari. Além de realizarmos atividades e ações com os funcionários da Reserva, moradores e escolas da região”, destaca Bárbara.
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As atividades de educação ambiental trabalhadas pelo Legado e Onçafari acontecem por meio de ações que geram uma sensibilização nas pessoas. Materiais didáticos, como a cartilha “Habitantes da Mata Atlântica”, foram desenvolvidos pela equipe para ilustrar e facilitar a aprendizagem sobre o tema. Eles também contribuem para o ensinamento do que fazer caso haja o encontro com uma onça. Bárbara explica que é preciso manter a calma, visto que esse animal enxerga os humanos como predadores, então, provavelmente, irão embora. No entanto, ela recomenda não correr, se afastar lentamente e manter sempre o contato visual com a onça.
Abaixo, você pode assistir a um vídeo com mais dicas de segurança:
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* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.