Febre Amarela: o importante papel dos primatas na nossa proteção!

 em SALA DE IMPRENSA

Por Prof. Fabiano R. de Melo*

A divulgação maciça que vem ocorrendo dos, cada vez mais frequentes, casos de febre amarela pelo território nacional, tem deixado o brasileiro preocupado, e gerado consequências negativas para todo o ecossistema, em especial, a populações de macacos.

Casos de agressões a primatas começaram a ser reportados nas regiões onde o vírus tem se aproximado dos núcleos populacionais, o que reforça a importância de alguns pontos relacionados a este surto serem esclarecidos, principalmente no que se refere ao real papel dos primatas neste ciclo, e as ações mais efetivas de prevenção.

O primeiro ponto importante a se elucidar é com relação à doença. Muito se falou da Febre Amarela Urbana e Silvestre. A diferença entre ambas está no seu transmissor. Nas matas, ela é transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, enquanto nos centros urbanizados, pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que transmite a dengue. No entanto, trata-se do mesmo vírus.

Quando falamos que a população de macacos tem a função de hospedeira deste vírus, precisamos deixar claro que isso ocorre com os macacos, da mesma forma que com os humanos, quando infectados. Uma vez infectado (homem ou macaco) durante o período de viremia (presença do vírus no sangue) ele torna-se um hospedeiro caso seja picado pelo mosquito transmissor.

O caso é que a maioria dos primatas é muito suscetível à doença, vindo a óbito; como por exemplo no caso de Bugios ou Guariba (espécies de macacos), que em cerca de 90% dos casos os animais acabam morrendo. O óbito não faz deles bons hospedeiros, mas sim vítimas, que ao começarem a surgir nos alertam sobre a necessidade de vacinação imediata da população humana, possibilitando a prevenção e proteção diante da expansão da febre. Ou seja, os macacos não são transmissores da doença para os humanos, e sim nos ajudam a preveni-la.

Já os humanos possuem acesso a tratamentos hospitalares e medicamento, que permitem uma sobrevida maior, e em grande parte dos casos, a sobrevivência. Outro fator importante nos humanos, e que contribui diretamente para que a doença se alastre de forma mais eficaz pelo território, é sua facilidade de locomoção. Ao contrário dos mosquitos e dos primatas em geral, o homem viaja sem fronteiras e em uma velocidade que transcende qualquer outro animal. Mais um fator que aumenta os riscos de um surto.

Em um contexto como este, além das recomendações óbvias de prevenção, que visam diminuir a multiplicação das populações do Aedes aegypti, como evitar o acúmulo de água parada e utilizar repelente, a melhor forma de se evitar o avanço do vírus é por meio da vacinação humana. Quanto mais pessoas tomarem a vacina, menor será o potencial do vírus em se espalhar.

Agir com precaução e, principalmente, com respeito à natureza, é a maneira mais eficiente e mais humana de se proteger. Mesmo os vírus fazem parte de um ecossistema no qual estamos inseridos, e quanto mais preparados estivermos para conviver harmoniosamente, menos seremos surpreendidos com situações como esta que vivemos hoje.

Só no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do pais, que fica no Vale do Ribeira, perto de Sorocaba, já foram identificados pelo menos 100 dos 1,2 mil muriquis-do-sul que existem no Brasil. Vítimas de caça desde a década de 1960, as duas espécies, muriquis-do-sul e muriquis-do-norte, estão criticamente em perigo de extinção e a questão da febre amarela não pode contribuir para aumentar esse risco.

O importante é sabermos que os macacos são cruciais para o equilíbrio dos ecossistemas e nós devemos ajudar a protegê-los para que os benefícios de um meio ambiente conservado sejam possíveis também para nós, humanos.

*Prof. Fabiano R. de Melo é membro da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, e parceiro do Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, mantida pela Votorantim, localizada no Vale do Ribeira (SP).

Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim

O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.

Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.

Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável.

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