Descubra quais são as contribuições das aves para a manutenção do meio ambiente!

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Segundo dados estatísticos da BirdLife International, existem cerca de 10.400 espécies de aves no planeta. Especificamente no Brasil, o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos aponta que há 1.919 tipos de pássaros, ou seja, o país abriga aproximadamente 18,45% da avifauna mundial. 

Mas afinal, qual é o papel desses animais no meio ambiente? 

As aves são importantes para a manutenção da floresta e de seu equilíbrio ecológico. As espécies frugívoras e granívoras (cuja dieta é composta por frutas, sementes de plantas e grãos, respectivamente), por exemplo, atuam como dispersoras de sementes, isto é, através das fezes são capazes de espalhar sementes que irão germinar e garantir novas plantas para o meio ambiente. Já as espécies insetívoras, carnívoras e piscívoras (aquelas que se alimentam de insetos, outras aves, pequenos vertebrados ou restos de animais e peixes, respectivamente) ajudam a regular a população de suas presas. Além disso, algumas espécies de pássaros também atuam como agentes polinizadores, assim, levam o pólen de uma flor à outra e contribuem com o processo de reprodução das plantas. 

Tendo em vista essas cooperações da avifauna aos ecossistemas, em 5 de outubro é comemorado o Dia Mundial das Aves, data que instiga uma reflexão sobre a relevância desses animais. No entanto, apesar de todos os benefícios oferecidos para a natureza, os pássaros sofrem diversos perigos por causa da interferência humana. De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção Volume III – Aves, elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as principais ameaças à avifauna nacional são o desmatamento, expansão urbana, queimadas e captura, tanto para o consumo quanto para o comércio ilegal. 

Buscando minimizar os fatores que influenciam negativamente no cenário de conservação das aves, a Organização das Nações Unidas, por meio do seu Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 15-Vida Terrestre recomenda que organizações públicas e privadas trabalhem para promover o combate à caça ilegal e o tráfico de espécies.

 

Aves nativas

Conforme o ICMBio, o Brasil está entre as três nações que possuem a maior diversidade de aves do planeta. Contudo, algumas espécies endêmicas, ou seja, nativas do país, foram consideradas extintas do território nacional e até global. O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção Volume III – Aves revela que o maçarico-esquimó (Numenius borealis), o peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii), e a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus) não são mais encontrados em áreas brasileiras e o gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti), o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi) e o caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum) já desapareceram mundialmente. 

A publicação apresenta ainda que dos 234 táxons* oficialmente considerados ameaçados de extinção, 160 são nativos do Brasil, ou seja, 68,4%. A Mata Atlântica é bioma que detém o maior número, são 120 ou 75% do total. 

Saí-verde (Chlorophanes spiza) | Foto: Arquivo Legado das Águas

O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, já catalogou a presença de 296 espécies de aves em seu território. Esse dado mostra que a Reserva abriga 40% de toda avifauna do Estado de São Paulo, sendo um local de grande relevância ambiental.

Além disso, do total de pássaros já registrados, 40% são endêmicos e 33 espécies correm risco de extinção como a jacutinga (Pipile jacutinga), anambezinho (Iodopleura pipra), sabiá-pimenta (Carpornis melanocephala) e choquinha-pequena (Myrmotherula minor). Na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, em inglês), as duas primeiras espécies estão em perigo e as outras duas em vulnerabilidade, isto é, na terceira e quarta posição na escala de ameaça, respectivamente.

Jacutinga (Pipile jacutinga) | Foto: Arquivo Legado das Águas

 

Aves e o aquecimento global

De acordo com um estudo realizado por pesquisadores australianos e publicado na revista Cell, as aves que possuem bico maior conseguem se adaptar melhor a temperaturas elevadas decorrentes do aquecimento global. Isso acontece porque o bico desses animais tem corrente sanguínea, então, quanto mais quente estiver no ambiente externo, mais os pássaros destinam o fluxo sanguíneo para o bico a fim de eliminar o calor. Sendo assim, são capazes de manter a temperatura corporal estável. 

No entanto, os cientistas destacam que apesar de ser possível prever como os animais estão se adequando às mudanças climáticas, a forma mais eficiente de protegê-los é diminuir as emissões de gases de efeito estufa para evitar a intensificação do aquecimento global.   

*Táxon: é uma área da biologia que estuda a ordenação e classificação científica dos seres vivos. 

 

* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado das Águas.

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